10/10/2017 | Autor: Celso Garcia
Falar sobre sucessão é necessário e isso não precisa ser um processo difícil ou traumático, como prova o produtor rural e empresário do ramo de supermercados, Antônio Braga Neto. Paulista, da cidade de Urânia, fixou residência e a base dos seus negócios em Pontes e Lacerda (MT), município conhecido pela força da sua pecuária. A escolha pelo sudoeste do Mato Grosso se deu em razão das terras férteis da região e de grandes áreas para a implantação e a expansão dos investimentos na pecuária de corte. “Investir em terra boa não se erra nunca”, conta.
As propriedades da família incluem seis fazendas, localizadas nos municípios mato-grossenses de Nova Lacerda, Vila Bela da Santíssima Trindade e Pontes e Lacerda, que têm aproximadamente vinte mil cabeças de gado, e o Supermercado Favorito, também em Pontes e Lacerda. Casado com dona Laura Faria e pai de três filhos - Márcio, Alan e Hugo, Toninho do Favorito, como é conhecido, tem seis netos e muitos motivos para comemorar. Um deles é poder conversar abertamente sobre a sucessão familiar do seu patrimônio.
O assunto, aliás, nunca foi problema na família Braga. O primeiro incentivo Toninho recebeu do próprio pai que, segundo ele, facilitou o entendimento no momento da mudança. No entanto, ele pontua que o processo não acontece naturalmente, é necessário provocar a discussão. “Em vários casos, com a ida dos chamados ‘troncos velhos’, muitas famílias perdem as suas posses por falta de herdeiros comprometidos, evidenciando, assim, que não houve um alinhamento de sucessão”, explicou o pecuarista.
E nesta linha de sucessão, como estão os herdeiros? Antônio Braga responde prontamente que os três filhos já têm capacidade para serem os donos dos negócios da família. Dos três, dois optaram pela formação acadêmica em áreas que não são voltadas diretamente para a agropecuária: Alan é advogado e Hugo, médico. Já o primogênito, Márcio, preferiu abrir mão da faculdade para se tornar sócio do pai no supermercado.
Segundo Hugo Braga, as conversas sobre o processo de sucessão familiar tiveram início no final da década de 90 e, desde então, esse assunto tem feito parte da vida cotidiana da família. Para Alan, o pai é um referencial e, abordar a sucessão, é falar de presença, de acompanhamento, de alinhamento. Ele considera o pai um ponto de apoio e, quando alguma coisa no campo dos negócios não esta bem pontuada, basta consultar o ‘HD’ do patriarca, que as informações estão lá, à disposição.
Entre as suas propriedades, Antônio Braga Neto definiu que a Fazenda Planície centralizaria o acabamento dos animais.
Decidiu, em conjunto com a família, investir no semiconfinamento.
A responsabilidade de ‘tocar’ a propriedade, que faz parte do PITT (Programa de Incentivo à Tecnologia Tortuga), é dividida com os filhos, assim como todos os negócios da família. As seis fazendas estão em um raio de 100 quilômetros da cidade de Pontes e Lacerda, o que facilita o acompanhamento das atividades de cria, recria e engorda, e, agora, de semiconfinamento.
No início de 2015, os técnicos e representantes da dsm-firmenich sugeriram a implantação do sistema na Fazenda Planície, com o objetivo de aumentar a taxa de abate e, consequentemente, o fluxo de caixa, diminuir o tempo de permanência dos animais na fazenda e ajustar a taxa de lotação no período da seca. Atualmente, a fazenda possui 47 piquetes, totalizando uma área de 1.526 hectares (48% da área de pastagem da propriedade), com uma capacidade estática na área de semiconfinamento, no período das águas, de até 6.000 animais (quatro animais por hectare com nível de suplementação de 1% do peso corporal de ração), aumentando consideravelmente a taxa de lotação da fazenda e a taxa de abate. Em 2017, já foram abatidos mais de 4.000 animais no semiconfinamento, com média de ganho de peso corporal diário de 1,245 kg e peso de carcaça de 24 arrobas (56.5% de rendimento de carcaça, em média).
Antônio Braga Neto ressalta que este resultado de peso na venda final dos animais é fruto de muito trabalho, dele, dos filhos, de uma equipe de colaboradores competentes e de uma assistência técnica de qualidade. “A preferência nas minhas propriedades é pelos produtos dsm-firmenich porque a empresa oferece um atendimento padrão e está sempre à frente de mercado, nos repassando as novas tecnologias”, elogia.
Antônio Braga Neto conta que, nas seis fazendas da família, há um total de 11.000 mil hectares de pastagens divididas, adubadas e calcariadas prontas para a utilização. E que o alicerce de seu patrimônio foi a pecuária, da qual ele disse que “não arrasta o pé”. “Sou um comprador de boi. Meus filhos certamente são fazendeiros, eles têm conhecimento dessa nova tecnologia que chegou ao campo”, afirmou. Quanto à adesão das propriedades à integração lavoura/pecuária, disse que vai deixar essa tarefa para os filhos, até porque as fazendas já estão bem encaminhadas para o processo.
Mas ainda vai demorar a passar o bastão. Ao ser questionado sobre aposentadoria, ele foi enfático ao responder que não tem isso em mente. “Aposentar enferruja e o homem do campo, mesmo cansado, não pode se afastar dos negócios”, ressaltou, acrescentando que confia totalmente nos filhos, mas que, segundo o ditado, “é o olho do dono que engorda o boi”.
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