22/08/2018 | Autor: Marcelo Martins Guimarães - Gerente Técnico de Gado de Corte/ Centro Oeste & Norte
O consumo de carne bovina de qualidade e segura depende da seleção genética dos melhores pares para acasalamento e criação de bezerros mais saudáveis para obtenção de carne melhorada, tanto sanitariamente quanto em relação às características organolépticas (paladar humano), tais como: maciez, suculência, cor, sabor, entre outras. A produção de bezerros de corte influencia sobremaneira também o ciclo pecuário com suas altas e baixas no preço do gado para abate. Sendo assim, vamos falar sobre produção de bezerros e a influência da condição nutricional das matrizes na qualidade e quantidade final destes.
O Brasil se situa geograficamente em sua maioria na faixa intertropical, o que proporciona uma divisão das estações do ano basicamente em seca (outono/inverno) e chuvosa (primavera/verão). Essa divisão modifica a qualidade da forragem disponível para pastejo, com a queda do valor nutritivo nos meses de outono e inverno, necessitando assim que os animais sejam suplementados nesta época com suplementos proteicos e/ou proteicos-energéticos, visando corrigir as deficiências da pastagem.
Variação de qualidade nutricional de pastagem durante o ano:
Fonte: Embrapa 2012
UA/há = Unidade animal por hectare e GMD/cab = Ganho médio diário por cabeça.
As matrizes de corte em pastagens tropicais concentram um maior índice de cios férteis na época das chuvas, ou seja, a partir do final de setembro até dezembro. Por isso, nessa época, é instalada a “estação de monta”, quando se expõe as matrizes aos touros para cruzamento natural ou inseminação artificial. Se conseguirmos que a matriz emprenhe até o final do mês de outubro, ou, no mais tardar, até a primeira quinzena de novembro, quando teremos o nascimento de bezerros a partir de julho ou agosto do ano subsequente. Esses bezerros que nascem nessa época de pouca umidade enfrentam um desafio sanitário menor e, com isso, são desmamados mais pesados em abril ou maio. E com a adoção de práticas de suplementação estratégica otimizada na recria desses animais, conseguimos reduzir profundamente o período de recria e, consequentemente, a idade ao abate, fornecendo assim animais jovens e com ótima qualidade de carne ao mercado.
Para que as fêmeas emprenhem no início da estação de monta é necessário que estejam com ótima saúde. Para aferirmos a saúde das matrizes utilizamos a técnica do escore da condição corporal, que consiste em pontuar as fêmeas entre 1 a 5, sendo 1 uma fêmea muito magra e 5 obesa. Se trabalharmos com uma condição média do rebanho de 3,5, conseguiremos ótimos índices reprodutivos. Para avaliar a condição corporal, devemos observar a deposição de tecido gorduroso em regiões estratégicas do corpo da fêmea que são:
- No dorso lombo cobrindo a coluna vertebral;
- Nas últimas costelas e no gradil costal;
- Na inserção da cauda.
Exemplo ilustrativo de escore corporal:
Se observarmos uma matriz com uma boa cobertura nessas áreas, ela tem um bom escore corporal para apresentação de cio e alta possibilidade de prenhez positiva. Compreendido o que é escore corporal, devemos agora interpretar o escore das matrizes durante o ano todo e mantê-las em ótimo escore para que possam desempenhar suas atividades reprodutivas com excelência.
Relação entre o escore corporal e a taxa de concepção ou prenhez:
Se observarmos o quadro abaixo que contém uma sugestão de planejamento nutricional, veremos que: para que as fêmeas emprenhem no início da estação de monta, e, assim como esta, na maioria das propriedades no MS acontece em outubro, essa matriz necessita parir em condição corporal ótima, pois estará com um bezerro ao pé amamentando e necessitando comer para produzir leite e ganhar peso - ajustando sua condição corporal para conseguir a prenhez (partição de nutrientes - ver figura abaixo). Sendo assim, a suplementação correta é de extrema importância para a manutenção do escore e ganho, se necessário, durante todo o ano.
A matriz geralmente perde entre 60 a 80 kg após parto (30 kg do bezerro + 15 a 20 placenta + 15 a 20 kg de líquidos placentários), mas se houver oferta de forragem em quantidade e suplementação correta, a matriz consegue manter uma condição corporal e até ganhar peso nesta fase, devido ao ganho compensatório desses animais. Então a suplementação das matrizes deve comtemplar o fornecimento de nutrientes complementares a forragem e assim manter o escore corporal das matrizes em boas condições, proporcionando tanto o desenvolvimento fetal otimizado quanto um parto sem alterações clínicas e uma reconcepção no início da estação de monta.
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