11/04/2018 | Autor: Luis Otavio A. Bosque – Zootecnista, Coordenador Técnico Regional Confinamento
Eu diria que essa pergunta é a grande chave do nosso negócio. Hoje, devido às pesquisas e trabalhos a campo, evoluímos sobremaneira no quesito desempenho zootécnico. Aliando nutrição, manejo, sanidade e genética, alcançamos excelentes resultados, principalmente em ganho de peso e ganho de carcaça, que são os pontos que influenciam na remuneração pelo frigorífico. Porém, muitas vezes isso faz com que muitos pecuaristas foquem apenas neste desempenho e não se atentem ao lucro real do seu sistema, comprometendo toda a sua operação.
Por isso, neste post vamos falar sobre como entender o seu negócio e saber se o seu confinamento vale a pena e proporciona lucro.
De acordo com CEPEA/ESALQ – USP, 2017, o custo operacional efetivo (COE) de um animal confinado no Brasil é dividido da seguinte forma:
Custo de Aquisição do Animal --------------------- 70%
Custo com Alimentação ----------------------------- 20%
Demais custos (sanidade, frete, fixo etc.)------- 10%
Lembrando que o custo com aquisição do animal e insumos varia de região para região no Brasil. Para quem produz o próprio gado, o custo de aquisição seria o mesmo que o custo de produção, ou dependendo da avaliação, custo de oportunidade do animal magro no dia da entrada no confinamento.
Todo esse custo de produção requer planejamento e é nesse ponto que queremos chegar.
Saber comprar um animal e/ou produzir esse animal num custo de @ mais baixo que a @ comercializada futura, é uma forma de garantir uma parte do lucro.
Outra parte é voltada a compra dos insumos, saber comprar bem a comida do seu animal, lhe garante também uma maior chance de lucro na venda do rebanho. Estamos falando de 90% do custo total de produção! Portanto, o sucesso do confinamento está no planejamento, muitas vezes um ano ou mais antes de iniciar o sistema em si.
Exemplificando, no mercado atual, percebemos uma diferença entre o preço do boi magro e o preço do boi gordo, que varia em média de 5 a 10% mais para o boi magro, como descrito abaixo:
Boi Magro (PV = 12 @) = R$ 140,00/@
Boi Gordo = R$ 132,00/@
*CEPEA Colider – 26/03/2018
Ou seja, devido ao ágil que essa @ sofre no preço, esse animal entra no sistema negativado, na faixa de R$ 96,00/cabeça.
Esse fator é mercadológico e não temos como interferir, portanto, cabe a nós produzirmos uma @ no custo mais baixo possível e aumentar o número de @s produzidas dentro do confinamento. Tudo isso com a intenção de diluir esse ágil do mercado e ganhar margem líquida no confinamento.
Precisamos ser eficientes ao máximo, melhorando GMD (Ganho Médio diário), RC (Rendimento de Carcaça), Eficiência Biológica, GMD carcaça, entre outros índices zootécnicos importantes.
Abaixo, segue exemplo de custos de @ projetados para o ano de 2018 no estado de Mato Grosso-MT.
A simulação é baseada nos preços dos insumos projetados para a época do confinamento (a partir de Junho/18).
Mudamos o peso de entrada do animal no sistema para verificar como isso interfere no lucro líquido/cabeça.
O peso de saída do animal foi o mesmo, assim como o RC (Rendimento de Carcaça), para que esses fatores não interfiram na avaliação, já que estamos comparando custo da @ produzida.
Custo Operacional de R$ 1,00/cabeça/dia.
PV ENTRADA | 11@ | 12@ | 13@ |
DIAS DE COCHO | 135 | 111 | 91 |
GMD | 1,55 | 1,62 | 1,65 |
CUSTO DIÁRIA TOTAL | R$ 6,22 | R$ 6,38 | R$ 6,57 |
@S PRODUZIDAS | 8,98 | 7,98 | 6,98 |
CUSTO @ PROD | R$ 93,80 | R$ 88,89 | R$ 85,54 |
RECEITA VENDA @S | R$ 1.185 | R$ 1.053 | R$ 921 |
LUCRO LÍQUIDO/CAB | R$ 478,53 | R$ 455,12 | R$ 415,2 |
LUCRO LÍQUIDO/CAB – ÁGIL DE MERCADO | R$ 393 | R$ 361 | R$ 313 |
O que percebemos é que nem sempre o menor custo da @ produzida dentro do confinamento significa maior lucro líquido por cabeça. Animais mais jovens e leves produzem mais @s dentro do sistema.
O peso de entrada menor faz com que esse animal tenha maior tempo para que se dilua o ágil no preço de entrada. Comparando um animal com 11@ e outro com 13 @, esse último esta com 2 @ a mais computando o ágil do mercado, o que na realidade reverte em R$ 80 a menos por cabeça.
Para quem produz seu próprio animal para o confinamento (chamamos de animais crioulos), essa conta se inverte, pois o custo de produção de uma @ a pasto (principalmente com suplementação estratégica) é menor do que dentro do confinamento. Esse custo pode chegar a ser, muitas vezes, 20 a 30% menor e assim o peso de entrada mais elevado dentro do sistema se torna mais viável economicamente.
Como tudo que foi dito, o planejamento inicial é a chave para o sucesso do seu confinamento, assim como o desempenho zootécnico desse animal dentro do sistema. Precisamos saber comprar, mas também precisamos ser eficientes no nosso negócio.
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