25/06/2018 | Autor: Luis Otavio A. Bosque – Zootecnista, Coordenador Técnico Regional de Confinamento
O confinamento de bovinos de corte é uma atividade de forte crescimento em nosso país, principalmente nos estados onde a oferta de grãos (comida) é alta.
Esse sistema de terminação requer alto investimento e controle de dados, seja financeiro e/ou zootécnico. Ele também possui a necessidade de algumas tomadas de decisão que são cruciais para o sucesso do negócio, entre elas, a adaptação dos animais, que é o assunto que trataremos no decorrer do post.
Nosso sistema de produção de gado de corte, necessariamente passa pela produção a pasto. Todo o gado que chega ao confinamento consumiu capim em alguma época de sua vida. Ou seja, esse animal está preparado fisiologicamente a dietas com grandes quantidades de forragem, e isso é um limitante para o desempenho animal almejado.
O rúmen desse animal está repleto de bactérias fibrolíticas (que degradam a fibra do capim) além de protozoários e fungos. Essas bactérias após degradarem a celulose do capim, produzem o que chamamos de AGCC (Ácidos Graxos de Cadeia Curta), que vão servir de alimento para o animal, sendo transformados em glicose (energia) no fígado através da gliconeogênese. Porém, a eficiência de dietas ricas em forragens é baixa, tendo inúmeras perdas de energia pelo animal, sem aproveitamento da mesma.
Por isso, pensando em melhorar essa eficiência alimentar, introduzimos o confinamento, onde além do volumoso também há a inclusão de alimentos concentrados em grande quantidade na dieta desses animais.
Com isso, modificamos toda a microflora ruminal do animal, aumentando sobremaneira o número de bacterias amiloliticas. Nessa mudança, o aumento na produção de AGCC é intenso, o que pode ocasionar em sérios problemas metabólicos ao animal, pois sua produção é muito maior do que a de papilas ruminais para poder absorver esses ácidos.
O aumento do ácido propiônico, principalmente, sem a correta absorção pode mudar a via metabólica e produzir o ácido lático. Este tem forte poder de baixar o PH ruminal, causando o que chamamos de acidose metabólica. Esse distúrbio pode levar a perdas no sistema que chegam a mais de 11,8% de queda no GMD (Ganho Médio Diário) do animal, VECHIATO, 2009.
Outro fator importante para que não ocorram perdas no sistema pela falta de adaptação é o CMS (Consumo de Matéria Seca). Logo que o animal chega ao confinamento ele sofre um estresse comportamental “lugar novo com gente nova”. Por este motivo, o apetite é reduzido, caindo sobremaneira o consumo nos primeiros dias, podendo até não ter consumo nenhum pelo animal, isso chamamos de Refugo de Cocho.
Essa situação gera grandes perdas econômicas ao processo, podendo a chegar a mais de R$ 140,00/cab. Uma boa adaptação seja a pasto ou no próprio confinamento minimiza essa falta de apetite do animal. Temos comprovado os resultados benéficos na adaptação desses animais com a nova linha de produtos de confinamento CRINA E CRINA RUMISTAR.
A adaptação pré-confinamento também é de grande valia. É como se fosse uma “escolinha” para o animal, que se inicia alguns meses ou semanas antes de confinar o gado. A suplementação pré confinamento pode ser feita com os produtos Fosbovi Proteico Energético 25 M, Fosbovi Proteico Energético 25 ou mesmo uma ração para consumo de 1% do PV (peso vivo) usando os núcleos Fosbovi Confnamento CRINA e Fosbovi Confinamento CRINA N para confecção desse concentrado. Asssim, o animal entra mais “preparado” ao cocho e com consumo alto, melhorando seu desempenho durante o processo.
Abaixo, segue alguns protocolos de adaptação mais usados no Brasil, de acordo com MILLEN, 2016.
1- Exemplo de Protocolo em Escadas:
Consumo de MS , kg –> 4,63+ 0,01422*PESO VIVO (NRC, 1996).
No caso de 2 dietas de ADAPTAÇÃO;
Lembrete: “Deixem os animais lhe dizerem o quanto desejam comer”!
Outro ponto importante na adaptação é o protocolo na mudança de dietas. Recomendamos o protocolo abaixo:
*Protocolo utilizado para animais que entram no confinamento com PV acima de 390 kg PV.
O ideal é que não tenham “saltos” nos níveis de concentrado/volumoso na dieta acima de 10 a 15%. Ou seja, se a sua dieta de adaptação estiver com 50% de concentrado e 50% de volumoso na MS (matéria seca), na próxima mudança (dieta intermediária/crescimento), não usar mais que 65% de concentrado na MS.
Tendo em vista o que foi dito, uma boa adaptação dos animas requer excelente manejo e cuidados em todo o processo. Esse período de 20 a 30 dias inicial é crucial para garantir o sucesso de todo o seu confinamento! Fiquem atentos à correta adaptação dos animais.