30/05/2018 | Autor: Marcos Sampaio Baruselli - Zootecnicsta, Gerente da categoria Confinamento
Ao longo dos últimos 500 anos, o sistema extensivo de produção de bovinos, caracterizado pela criação de animais exclusivamente a pasto, cresceu de forma expressiva por todo o Brasil.
Muitas terras de mata e de cerrado foram abertas para ceder espaço às pastagens cultivadas e hoje uma imensa área de pastagem, estimada em 200 milhões de hectares, abriga um rebanho de 212 milhões de bovinos (IBGE, 2012), colocando o Brasil como o segundo maior produtor de carne vermelha do mundo.
Avaliando os índices médios de produtividade do nosso rebanho, é possível observar modestos ganhos de peso diário – GPD, da ordem de 320 gramas por dia, e baixa produção de arrobas, tanto por animal como por unidade de área, da ordem de 4 arrobas por animal por ano.
Na média, a produtividade está bem aquém do verdadeiro potencial produtivo. Os motivos incluem suplementação nutricional deficiente, rigoroso período seco, pastagens degradadas, baixa qualidade genética de boa parte do plantel, além de diversos problemas sanitários.
Devido ao modesto ganho de peso diário, o bovino criado, recriado e engordado em regime de pasto não raro leva 4 anos para atingir o peso de abate, tornando a pecuária pouco competitiva frente às outras atividades agropecuárias.
Para efeito de cálculo, se considerarmos a média nacional, um bovino de 450 Kg (1 UA – Unidade Animal) ocupa uma área de 1 hectare de pastagem e produz cerca de 4 @ por ano (Ganho de Peso Diário – GPD de aproximadamente 330 gramas).
Como consequência, tem-se uma elevada idade de abate, um longo ciclo de produção e uma baixa produtividade de arrobas por hectare.
Para reverter o quadro, produtores rurais de todo o Brasil estão diversificando o sistema de produção tradicional, passando do sistema extensivo extrativista para sistemas mais intensivos de produção de bovinos, como o sistema de confinamento ou de semiconfinamento.
Estes sistemas, mais intensivos, possibilitam ao produtor rural produzir mais arrobas em menor área, e em menor tempo. Dai o nome efeito “poupa terra”, uma vez que elevam a produção de arrobas por hectare e utilizam de menores áreas.
Um bovino confinado em fase de engorda, pode produzir em 90 dias de trato entre 6 a 8 arrobas, bem mais que a média nacional que é de 4 arrobas por ano, considerando animais em regime exclusivo de pasto sem suplementação nutricional.
Desta forma, o confinamento antecipa o abate (boi de ciclo curto) e libera áreas de pastagens para outras categorias animais, para agricultura ou mesmo para preservação ambiental.
O sistema intensivo de confinamento consiste em arraçoar os bovinos, devidamente alojados em baias de 50 por 40 metros, com espaçamento por animal de 14 a 28 metros quadrados.
Propriedades rurais que adotam os sistemas intensivos conseguem produzir mais com menos, elevando a produtividade animal das atuais 4 arrobas para 8, 12, 16 ou mais, conforme o sistema intensivo adotado, confinamento ou semiconfinamento.
E estão dobrando ou até mesmo triplicando a produção de arrobas por unidade de área (@ / hectare) tornando a pecuária competitiva frente às outras atividades agropecuárias.
Em 2020, estima-se que serão confinados 5 milhões de bovinos de corte no Brasil, e outros 5 milhões serão semiconfinados. Juntos, os dois sistemas representarão aproximadamente ¼ do total de bovinos abatidos no país.
Em síntese, os sistemas intensivos de produção de bovinos, como o confinamento, promovem o efeito poupa terra porque permitem ao produtor rural produzir mais arrobas em menor área, e ainda em menor tempo.
O semiconfinamento consiste em fornecer ração concentrada para os bovinos no próprio pasto, enquanto que no confinamento os bovinos são levados para baias onde permanecem confinados por cerca de 90 dias, recebendo ração balanceada e água limpa a vontade.
O semiconfinamento requer menos estrutura e equipamentos quando comparado com o confinamento. Para semiconfinar, é necessário instalar nas pastagens cochos apropriados onde deve-se fornecer a ração concentrada todos os dias.
Já para confinar, é necessário construir baias, cochos, cercas e bebedouros, havendo também uma maior exigência em instalações, maquinário e mão de obra capacitada.
Outros benefícios do confinamento:
Além disso, possibilitam a produção de carcaças bovinas de melhor qualidade, mais pesadas e com melhor acabamento de gordura, o que se traduz em melhor remuneração do produtor, com benefícios que se estendem para toda a cadeia, inclusive para o consumidor final.
Como já vimos, o semiconfinamento e o confinamento são sistemas de produção sustentáveis, tanto do ponto de vista social, como ambiental e econômico.
Ambos têm inúmeras vantagens e você, produtor rural, também pode aproveitar desses benefícios. A transição dos sistemas pode ser gradual, fazendo investimentos aos poucos.
Muitos produtores estão migrando do sistema exclusivamente a pasto, menos produtivo para o semiconfinamento e depois montando uma estrutura mais intensificada na propriedade rural que é o confinamento.
Com isso, estão produzindo mais arrobas por animal, mais arrobas por unidade de área, e em menor tempo.
Para ajudá-lo, baixe aqui o nosso Manual técnico completo do Semiconfinamento.