21/06/2018 | Autor: Frederico Glaser - Gerente de Categoria de Leite
Vivemos hoje em uma era de profundas mudanças. Quando olhamos ao nosso redor, percebemos que muitas coisas passaram a ser feitas de forma bem diferente do que fazíamos há 10, 15 anos.
Um exemplo interessante é a forma com que interagimos com os bancos. Praticamente todos os bancos disponibilizam aplicativos para celular, e com 4 ou 5 cliques pagamos uma conta, fazemos uma transferência, conferimos um depósito. Pouco tempo atrás era preciso ir ao banco, enfrentar uma fila, ou aguardar a sua vez no caixa eletrônico para conseguir um extrato.
As mudanças estão por todos os lados: é possível pedir comida, chamar um táxi, agendar um voo. Podemos saber o que está acontecendo no mundo em tempo real, mandar fotos e vídeos para os familiares e consultar sobre qualquer assunto usando um celular ou computador.
A tecnologia foi permitindo que tivéssemos mais informação, de forma mais rápida e prática. Esta revolução também está cada vez mais presente no campo e nas fazendas, possibilitando aos produtores de gado de leite, agricultores e pecuaristas do mundo todo o acesso a informações que estão transformando a produtividade no agro.
E mais importante que estar conectado com as tendências do futuro, é ter informação para tomada de decisão acertada: em muitos casos é a diferença entre obter lucro ou prejuízo.
Pensando nisso, listamos 5 tecnologias que vieram para ficar no agro.
Nunca foi tão importante saber o que vai acontecer com o tempo. Muito se comenta sobre as mudanças climáticas globais e a previsibilidade tem sido chave para saber quais as melhores janelas para plantar, colher, ensilar.
Algumas fazendas ou grupo de produtores já estão instalando mini-estações meteorológicas regionais para aumentar a precisão das tarefas como aplicação de defensivos e otimizar o uso do maquinário, economizando em recursos e aumentando a produtividade.
Existem, inclusive, opções em que o produtor recebe alertas diários de como vai estar o tempo na sua fazenda diretamente no celular.
Em fazendas com extensões de terra maiores e que já atingiram níveis altos de produtividade por hectare, conseguir índices ainda melhores torna-se um desafio. Os agricultores já plantam os híbridos indicados para cada área, e o ajuste fino na hora da correção e adubação do solo só é possível com o uso de tecnologia de ponta e geolocalização por GPS, em que o próprio equipamento ajusta as necessidades e coloca as quantidades exatas de nutrientes por metro quadrado. Tal precisão aumenta ainda mais a produtividade por hectare e já é uma realidade em centenas de fazendas em todo o mundo.
Ser eficiente muitas vezes é uma questão de perspectiva. Em alguns casos podemos estar satisfeitos com os resultados econômicos que a operação está trazendo, porém não sabemos realmente se tais índices estão bons quando comparamos com fazendas similares.
Hoje uma grande tendência em todo mundo é compartilhar índices e métricas da própria fazenda e receber em troca os “benchmarks”, ou seja, análises que mostram como está a sua fazenda em relação às várias outras com perfis semelhantes.
Com estes comparativos e um suporte técnico é possível realizar ajustes e implementar práticas (muitas delas simples) que outras fazendas têm realizado com êxito.
Atualmente existem sensores individuais que são capazes de acompanhar e registrar todo o comportamento de centenas de animais simultaneamente.
Quando estes dados são sincronizados com um computador instalado na fazenda, é possível saber em tempo real como está o comportamento de um lote em específico, se estão se alimentando corretamente, ruminando o suficiente e o quanto estão se movimentando.
Com estes parâmetros é possível saber se há algum animal com problemas metabólicos por exemplo, ou mesmo qual o momento ideal para inseminar uma vaca.
O mais interessante destes sistemas é que uma notificação é emitida toda vez que há algo anormal ou que merece atenção, sem necessidade de ficar o tempo todo na frente do computador.
O proprietário ou encarregado recebe um alerta diretamente na tela do celular. Tal tecnologia permite otimizar o uso da mão de obra, diminuir incidência de algumas enfermidades (pois algumas são inclusive detectadas pelo sensor antes mesmo do animal demonstrar sinais) e ter mais vacas saudáveis, que é sinônimo de maior lucratividade na fazenda.
Muitas fazendas com sistemas mais intensivos de produção de leite já possuem ventiladores e aspersores conectados a sensores para diminuir a temperatura do ambiente que operam de forma independente, ou seja, ligam e desligam automaticamente dependendo da temperatura e umidade nas diferentes horas do dia.
O sensor que faz a leitura do ambiente deve estar calibrado para acionar corretamente o equipamento, caso contrário há desperdício: seja das vacas que sentirão os efeitos do calor e diminuirão a produção de leite, seja pelo consumo excessivo de energia elétrica em horas em que o equipamento poderia estar desligado.
Estes são somente alguns exemplos que já são realidade em fazendas de gado de leite no mundo e no Brasil.
Todos os dias novas tecnologias estão surgindo e o acesso a elas ficará cada vez mais fácil, barato e prático. É fundamental aos produtos de leite buscarem entender quais trazem mais benefícios para sua atividade em termos de aumento de eficiência e uso dos recursos.