Entendendo as interações entre medicamento e nutriente

Por: Dr. Szabi Péter

Vitaminas e lipídios têm funções centrais no metabolismo. A maneira como eles interagem com os medicamentos pode resultar em prejuízos fisiológicos clinicamente relevantes, mas também possivelmente em efeitos positivos. Um melhor conhecimento mais completo das possíveis interações entre medicamentos e nutrientes pode ter um impacto significativo sobre a saúde pública.1 Para entender a extensão das interações nutricionais medicamentosas (drug nutrient interactions, - DNIs), são necessárias mais pesquisas, especialmente em idosos, para ajudar nos processos futuros de desenvolvimento de medicamentos.

Resumo de nível superior

  • As DNIs são definidas como alterações na farmacocinética ou farmacodinâmica de um medicamento ou elemento nutricional, ou um comprometimento do estado nutricional como resultado da adição de um medicamento
  • Exemplos de onde as DNIs podem ocorrer incluem estatinas, contraceptivos, inibidores da bomba de prótons e casos em que vitaminas e lipídios têm um efeito sinérgico com os medicamentos
  • Embora as DNIs não tenham sido extensivamente estudadas até o momento, elas são especialmente relevantes para os idosos, pois eles frequentemente recebem prescrições de vários medicamentos de uma só vez
  • Reações adversas a medicamentos podem ter sérias consequências, com efeitos colaterais dos medicamentos sendo responsáveis por cerca de 197.000 mortes a cada ano na União Europeia2
  • A crescente compreensão das DNIs pode ter um impacto significativo sobre a saúde pública

Entendendo o potencial das DNIs

Um melhor conhecimento das possíveis interações entre medicamentos e nutrientes pode ter um impacto significativo sobre a saúde pública.3

Embora as interações medicamentosas sejam amplamente reconhecidas como clinicamente relevantes, as DNIs foram anteriormente pouco exploradas, apesar do número de estudos sobre sua presença e relevância. Isso está se tornando cada vez mais importante à medida que a população envelhece e mais indivíduos sofrem de multimorbidades, tornando a polifarmácia prevalente.

Na União Europeia, estima-se que os efeitos colaterais do medicamento sejam responsáveis por 197.000 mortes por ano, com o risco de reações adversas ao medicamento aumentando com o avanço dos anos.Apesar das possíveis consequências, as DNIs não são consideradas durante a fase de desenvolvimento de medicamentos, pois há conhecimento nutricional limitado entre pesquisadores e profissionais no campo da assistência à saúde.

Fazendo a distinção

Para começar a classificar as DNIs, foi desenvolvida uma estrutura proposta como parte de um workshop recente para ajudar a estruturar as consequências. Por exemplo, ao distinguir os efeitos das refeições, alimentos individuais, nutrientes específicos ou estado nutricional sobre a ação do medicamento, e vice-versa, é mais fácil determinar o impacto dos medicamentos sobre o estado nutricional:

  • Classe 1 - efeito da obesidade e subnutrição sobre a ação dos medicamentos
  • Classe 2 - efeito da nutrição sobre a ação dos medicamentos
  • Classe 3 - efeito de nutrientes específicos ou suplementos alimentares sobre a ação dos medicamentos
  • Classe 4 - efeito dos medicamentos sobre o estado nutricional
  • Classe 5 - efeito dos medicamentos sobre o estado dos nutrientes

A consideração do mecanismo farmacológico e a localização da interação poderiam criar subclasses adicionais.

O que nós já sabemos?

Várias possíveis associações já foram feitas entre certos medicamentos e nutrientes, o que está moldando pesquisas futuras nessa área.

Por exemplo, a terapia hipolipemiante com estatinas pode reduzir significativamente a incidência de doenças cardiovasculares e diminuir a probabilidade de eventos coronarianos. No entanto, a redução agressiva de lipídios pelas estatinas traz o risco de diminuição dos níveis de ácido eicosapentaenoico (EPA) e ácido docosahexaenoico (DHA) simultaneamente. EPA e DHA podem ser considerados uma forma alternativa de ajudar a reduzir os níveis de triglicérides no plasma e influenciar beneficamente os níveis de outros lipídios sanguíneos também. Ensaios clínicos demonstraram que EPA e DHA como suplementação também podem ser eficazes em combinação com fármacos hipolipemiantes, como as estatinas.5

Além disso, os anti-inflamatórios não-esteroides (AINEs), como aspirina, ibuprofeno e naproxeno, podem causar úlceras pépticas, diminuir a função renal e comprometer o metabolismo da vitamina B6. No entanto, elas podem ter efeitos aditivos ou sinérgicos com certas vitaminas ou lipídios, por exemplo, para reduzir a dor.6 Se uma dose adequada de EPA e DHA (que têm propriedades anti-inflamatórias) é fornecida, os AINEs podem ser tomados em uma dose mais baixa para ter um benefício clínico e reduzir potenciais efeitos colaterais do medicamento.7

Construindo um banco de evidências

O crescente número de estudos sobre as DNIs sugere que explorar o impacto dos medicamentos sobre o estado nutricional pode ser benéfico no futuro. Em especial, devido ao estado nutricional de muitos idosos, valeria a pena conduzir uma avaliação sistemática das interações entre nutrientes e medicamentos, começando com as classes de medicamentos usadas em transtornos complexos comuns. Enquanto a medicina atual é dominada pela indústria farmacêutica, pesquisas adicionais podem abrir caminho para que a nutrição desempenhe um papel maior na saúde pública.

Para obter mais informações sobre potenciais interações entre medicamentos e nutrientes, faça o download de nosso artigo técnico, “Vitaminas para aplicações farmacêuticas” (Vitamins for pharmaceutical applications).

Publicado

1 dezembro 2017

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  • Science
  • Vitamins
  • Article
  • Lipids
  • R&D

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6 min. de leitura

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Referências

[1] S. Peter et al., ‘Public health relevance of drug-nutrient interactions,’ Eur J Nutr.de 2017, publicado on-line antes da impressão. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28748481. Último acesso 8 de setembro de 2017. 

[2] P.C. Gotzsche, ‘Deadly medicines and organized crime: how big pharma has corrupted healthcare,’ Radcliffe Publishing Ltd., 2013.

[3] S. Peter et al., ‘Public health relevance of drug-nutrient interactions,’ Eur J Nutr.de 2017, publicado on-line antes da impressão. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28748481. Último acesso 8 de setembro de 2017.

[4] Ibid. 

[5] A. Pirillo and A.L. Catapano, ‘Omega-3 polyunsaturated fatty acids in the treatment of atherogenic dyslipidemia’, Atherosclerosis Supplements, Aug;14(2), 2013, p. 237-42. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23958479. Último acesso 8 de setembro de 2017.

[6] E.A. Miles et al., ‘Influence of marine n-3 polyunsaturated fatty acids on immune function and a systematic review of their effects on clinical outcomes in rheumatoid arthritis’, Br J of Nutr, Jun;107 Suppl 2, 2012, S171-84. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22591891. Último acesso 8 de setembro de 2017.

[7] Ibid. 161:462-71. 

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