Por: Editores de Talking Nutrition
Ouça a explicação do Dr. Peter Van Dael, vice-presidente sênior da área de ciência nutricional e advocacia da DSM, sobre o papel da nutrição na formação de um sistema imunológico forte e a importância de uma ingestão suficiente de nutrientes que reforcem o sistema imunológico:
Os consumidores estão cada vez mais conscientes da importância do papel da nutrição para melhorar sua saúde e bem-estar geral e, especificamente, a imunidade. Em uma pesquisa recente, 71% dos consumidores disseram estar implementando medidas para melhorar sua dieta e nutrição, praticando mais exercícios físicos ou consumindo suplementos alimentares para melhorar sua imunidade.1 No entanto, embora os benefícios da suplementação estejam diretamente ligados à saúde imunológica, os consumidores nem sempre adotam uma prática consistente de consumo de suplementos nutricionais, recorrendo a eles apenas no inverno ou quando já estão doentes.
Para realmente aumentar a saúde imunológica é necessário entender a importância de ingerir os nutrientes certos, na quantidade certa e no momento certo.
As infecções agudas do trato respiratório, que afetam diretamente a função respiratória, são uma das principais causas de morte em todo o mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, em todo o mundo, a gripe sazonal seja responsável por 3 a 5 milhões de casos de doenças graves que requerem hospitalização, além de causar de 290.000 a 650.000 mortes por ano.2
Por isso, manter um sistema imunológico forte é crucial para reduzir o impacto da infecção, além de ser importante para a saúde geral e o bem-estar. O sistema imunológico é complexo e compreende dois tipos de respostas imunes: a inata e a adaptativa. A resposta inata fornece barreiras físicas que identificam e bloqueiam a entrada do patógeno, bem como as células brancas do sangue e moléculas que estão prontas para agir imediatamente após uma infecção. Por outro lado, a resposta adaptativa leva mais tempo para se desenvolver, mas é bem específica e direcionada, e cria a memória imunológica que evita a reinfecção pelo mesmo patógeno. A memória imunológica também é o mecanismo pelo qual as vacinas ajudam a prevenir doenças. A imunidade adaptativa é composta por células B, que produzem anticorpos, e células T, que matam as células infectadas pelos vírus. Tanto a imunidade inata quanto a adaptativa são essenciais para um sistema imunológico eficaz.
Embora os programas de vacinação para doenças como a gripe e as práticas rigorosas de higiene já sejam amplamente recomendados, casos como a nova pandemia de coronavírus mostram que medidas adicionais são necessárias para reduzir ainda mais o impacto das infecções virais e, principalmente, das infecções do trato respiratório, para proteger a saúde pública.
O papel dos nutrientes na manutenção e melhoria da imunidade está bem estabelecido, mas muitas vezes não é implementado nas estratégias de saúde pública. No entanto, um estudo recente feito por um especialista, que está atualmente sendo analisado por outros profissionais da área, destacou o papel importante que as vitaminas, os minerais e outros ingredientes nutricionais desempenham na imunidade.3 O estudo destaca o impacto positivo das vitaminas A, B6, B12, C, D, E e do folato (também chamado de ácido fólico) nos sistemas imunológicos inato e adaptativo.4 Nutrientes como o ômega-3 também reforçam o sistema imunológico, ajudando a promover a resposta inflamatória.5 Além da constatação de que alguns micronutrientes fazem a diferença, há também evidências que mostram que as deficiências de nutrientes podem afetar negativamente a função imunológica e até mesmo diminuir potencialmente a resistência a infecções.6
Estudos mostram que a suplementação de vitamina C reduz o risco de pneumonia, particularmente em pessoas com baixa ingestão alimentar.7 Além disso, ela também pode diminuir a duração e a gravidade das infecções do trato respiratório superior.8 Metanálises recentes concluíram que a suplementação de vitamina D de fato reduz a incidência de infecção respiratória.9
Apesar de suas funções metabólicas essenciais e dos benefícios dos micronutrientes na diminuição do risco de infecções do trato respiratório, a ingestão alimentar em todo o mundo permanece baixa em relação à ingestão diária recomendada (IDR). Na Europa, por exemplo, dados demográficos indicam que todas as faixas etárias têm uma proporção de risco devido à ingestão inadequada de vitaminas D, E, folato e selênio, e em especial à baixa ingestão de vitamina C.10
No entanto, de acordo com especialistas, para alguns micronutrientes a ingestão precisa estar acima da IDR para fornecer um reforço imunológico ideal. No caso de uma infecção, por exemplo, os estoques de vitamina C no corpo podem se esgotar, por isso é preciso ter um nível reserva para preservar seus níveis normais no sangue. O estudo em questão recomenda uma ingestão diária de pelo menos 200 mg/dia de vitamina C e 2.000 UI (50 µg) de vitamina D para pessoas saudáveis – acima da IDR dos EUA. Os dados apresentados mostram a importância do ômega-3 e sugerem que a ingestão de 250 mg/dia de ácido eicosapentaenóico (EPA) e ácido docosahexaenóico (DHA) pode trazer os benefícios necessários para aumentar a imunidade.
É importante lembrar que a IDR é definida para atender às necessidades nutricionais básicas de pessoas saudáveis. No caso de certas doenças, o corpo – especificamente os sistemas imunológicos inato e adaptativo – precisa de nutrientes adicionais para estimular o sistema imunológico e lutar contra infecções. Há uma grande diferença entre a IDR e o limite superior de ingestão tolerável, o que significa que os consumidores podem aumentar a ingestão de nutrientes essenciais por meio de uma dieta adequada e suplementação para aumentar a imunidade.
Evidências mostram que incluir a suplementação nutricional como parte das estratégias futuras de saúde pública pode ser extremamente benéfico para melhorar a função imunológica. Embora as práticas atuais, como vacinas e medidas de higiene, ajudem a limitar a propagação da infecção, um reforço adicional por meio da suplementação alimentar é uma forma segura, eficaz e de baixo custo que poderá ajudar os programas de saúde pública, em busca da resposta imunológica ideal, que é fundamental para o controle de doenças infecciosas.
7 abril 2020
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[1] DSM, ‘Global health concerns’, [report], 2017.
[2] World Health Organization Influenza (Seasonal). Available online: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/influenza-(seasonal) (accessed on Mar 2, 2020).
[3] Calder, P.C. et al, ‘Optimal Nutritional Status for a Well-Functioning Immune System is an Important Factor to Protect Against Viral Infections’, Preprints 2020, 2020030199
[4] Ibid.
[5] Calder, P.C. ‘Omega-3 polyunsaturated fatty acids and inflammatory processes: nutrition or pharmacology?’, Br J Clin Pharmacol,2012, 75, 645–662.
[6] Calder, P.C. et al, Preprints 2020
[7] Hemilä, H. et al, ‘Vitamin C for preventing and treating pneumonia’, Cochrane Database of Systematic Reviews 2013, 8, CD005532.
[8] Hemilä, H. ‘Vitamin C and infections’, Nutrients, 2017, 9, 339.
[9] Martineau, A.R.et al, ‘Vitamin D supplementation to prevent acute respiratory tract infections: systematic review and meta-analysis of individual participant data’, BMJ, 2017, 356, i6583.
[10] Gombart, A.F. et al, ‘A review of micronutrients and the immune system–working in harmony to reduce the risk of infection’, Nutrients, 2020, 12, 236.
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