As últimas novidades da ciência sobre o DHA e o desfecho da gravidez

Por: Editores de Talking Nutrition

  • Um estudo pioneiro mostra que a suplementação de 1.000 mg por dia de ácido docosahexaenoico (DHA), um ácido graxo ômega-3, durante a gravidez, reduz significativamente o risco de parto prematuro extremo (PPE), que é o nascimento com menos de 34 semanas de gestação.
  • Esse estudo representa um marco na compreensão da comunidade científica em relação ao impacto do DHA no tempo de duração da gravidez. Os resultados desse estudo devem ser utilizados para guiar a prática clínica, bem como as diretrizes nacionais para o consumo de DHA durante a gravidez. 
  • Conversamos com a pesquisadora principal do estudo, a Dra. Susan E. Carlson, professora de Nutrição da AJ Rice e do Centro Médico da Universidade de Kansas, para saber mais sobre as principais descobertas e a importância desse estudo.

Estudo examina o impacto de doses altas e baixas de DHA no tempo de duração da gravidez

Um estudo publicado recentemente traz novidades sobre a importância do uso do DHA durante a gravidez, destacando que doses maiores do que as encontradas em muitos suplementos vitamínicos pré-natais podem diminuir significativamente a taxa de nascimento prematuro.1 A pesquisa foi liderada por Susan E. Carlson, Ph.D., professora de Nutrição da AJ Rice e professora distinta da Universidade do Centro Médico da Universidade de Kansas no Departamento de Dietética e Nutrição. O objetivo principal do estudo, intitulado “Avaliação do DHA na redução do nascimento prematuro” (ADORE), foi avaliar o impacto do consumo diário de um suplemento pré-natal que fornece 1.000 mg de DHA comparado a um suplemento com 200 mg de DHA na taxa de PPE. 

Um total de 1.100 mulheres grávidas foram inscritas e randomizadas para receber uma dose alta ou uma dose baixa de DHA. As mulheres que participaram do estudo estavam com 12 a 20 semanas de gestação quando a intervenção começou. As participantes receberam DHA de algas. 

Além de avaliar o impacto da dosagem de DHA no PPE, o estudo também avaliou o nível do DHA materno com base no DHA dos fosfolipídios dos glóbulos vermelhos como resultado secundário. O estudo foi conduzido em três centros médicos acadêmicos nos Estados Unidos: Universidade do Kansas, Universidade Estadual de Ohio e Universidade de Cincinnati.

Uma dose alta de DHA reduz significativamente a taxa de parto prematuro

Mulheres que receberam a dose mais alta de DHA tiveram uma taxa significativamente reduzida de PP em comparação com mulheres que receberam a dose mais baixa de DHA. As taxas de nascimento prematuro foram de 1,7% e 2,9%, respectivamente, com uma probabilidade posterior de 0,91.

O estudo também encontrou uma associação entre o nível de DHA materno e a dosagem de DHA. “O trabalho descobriu que o nível basal de DHA de uma mulher, que está altamente relacionado à ingestão de DHA na dieta ou de um suplemento pré-natal, faz a diferença. Mulheres com baixo nível de DHA no início da pesquisa e que foram randomizadas para a alta dose de DHA tiveram metade da incidência de partos prematuros em comparação com aquelas com a dose mais baixa, 2% contra 4,1%”, explica a Dra. Carlson. A análise estatística desses dados resulta em uma probabilidade posterior de 0,93 de que a dose mais alta foi melhor para prevenir o PP. A conclusão de que existe uma relação significativa entre o nível de DHA materno e a dosagem de DHA também é o resultado de outro estudo recente sobre DHA durante a gravidez, chamado “ômega-3 Australiano para reduzir a incidência de parto prematuro” (ORIP).2,3

Além das descobertas da relação da dosagem de DHA com o PPE, os pesquisadores também avaliaram o impacto da dose mais alta de DHA no nascimento prematuro em geral. A Dra. Carlson explica: “O nascimento prematuro com menos de 37 semanas foi um resultado secundário. A dose mais elevada de DHA reduziu o nascimento prematuro, independentemente do estado inicial de DHA (pp = 0,95).”

A experiência ADORE mostra claramente qual é o impacto do DHA no tempo de duração da gravidez

O nascimento que ocorre antes de 34 semanas de gestação é definido como parto prematuro extremo (PPE). Nos Estados Unidos, PPEs representam 2,75% de todos os nascimentos4 e 20% dos nascimentos prematuros. Enquanto a maioria dos partos prematuros ocorrem entre 34 e 36,99 semanas de gestação, o PPE representa um problema médico e social significativo. Esses bebês apresentam os maiores riscos de mortalidade, exigindo cuidados médicos hospitalares caros e enfrentando desafios de desenvolvimento de longo prazo.6,7 Os cientistas, há muito tempo, procuram identificar intervenções que possam reduzir ou prevenir o nascimento prematuro extremo. 

Em 2018, uma revisão Cochrane concluiu que o PPE poderia ser significativamente reduzido – quase pela metade – se as mulheres grávidas consumissem ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa ômega-3 (LCPUFAs), incluindo o DHA por meio de alimentos ou suplementos, em comparação com mulheres que não consumissem nenhum suplemento de ômega-3 LCPUFAs.8 No entanto, a revisão incluiu suplementação com ácido eicosapentaenóico (EPA), outro ômega-3 LCPUFA, e não identificou uma dose ideal ou tipo de ômega-3 LCPUFAs para consumo.8

Uma vez que muitos suplementos pré-natais já fornecem aproximadamente 200 mg/dia de DHA, a Dra. Carlson e seus colegas optaram por não utilizar um placebo ao planejar o estudo. Em vez disso, eles examinaram o efeito de uma dose alta em comparação com uma dose baixa de DHA,1 uma abordagem não adotada por outros estudos.

“Os ensaios ORIP e ADORE são os primeiros a estudar o PPE como desfecho primário e o ADORE é o primeiro estudo que comparou uma quantidade padrão de DHA em muitos suplementos pré-natais com uma dose mais alta”, afirma a Dra. Carlson. Além disso, ela explica que “a quantidade comumente adicionada às vitaminas pré-natais, 200 mg, não foi suficiente para prevenir o parto prematuro extremo”,8 confirmando a necessidade de explorar a dosagem de DHA em um ensaio clínico.

Qual é a relevância dos resultados do experimento ADORE?

A Dra. Carlson apresenta sua opinião sobre a importância das descobertas do estudo. “Os dados são muito claros. As mulheres não estão recebendo DHA o suficiente. Precisamos educar os médicos sobre a importância do DHA durante a gravidez e fornecer para eles as ferramentas para reconhecer as mulheres que poderiam se beneficiar com uma dose maior do que o padrão.” Os autores do estudo encorajam os médicos a considerarem o teste de DHA em mulheres grávidas e recomendarem a suplementação de altas doses de DHA para aquelas com baixo nível desse ácido.

“A mensagem mais importante para os médicos que cuidam de mulheres grávidas é que o DHA é importante para prevenir o parto prematuro, e esses profissionais devem encorajá-las a tomar um suplemento pré-natal que forneça quantidades adequadas do ácido.”

Dado o impacto significativo observado, esse trabalho pode ser extremamente relevante em áreas do mundo que não contam com tantos recursos médicos. Nessas regiões, o nascimento com menos de 37 semanas é uma das principais causas de mortalidade infantil.9 “O fato de que uma dose mais alta de DHA reduz o nascimento prematuro em geral indica que, em populações com altas taxas de nascimentos prematuros, doses mais altas de suplementação de DHA devem ser consideradas”, sugere a Dra. Carlson.

Como o ADORE pode ajudar na prática clínica e pesquisas futuras?

Embora a Dra. Carlson reconheça a importância dos aprendizados do estudo ADORE, ela também afirma que os resultados são um chamado à ação. “Estou apaixonada pela ideia de implementação das nossas descobertas”, diz ela. O experimento ADORE, em combinação com a recente revisão Cochrane8 e os resultados da análise do ensaio ORIP,2,3 sugerem que uma mudança é necessária tanto na política de saúde quanto na prática clínica. Os dados disponíveis devem levar as autoridades de saúde a definir uma ingestão recomendada de DHA durante a gravidez e podem orientar os médicos sobre a suplementação desse ácido, especialmente para mulheres que estão com um baixo nível dele no organismo.

A Dra. Carlson também está de olho no futuro, em outras áreas da nutrição materna em que a inovação é necessária. Ela gostaria de ver um estudo que visasse melhorar o nível de DHA das mulheres antes de ficarem grávidas ou no início da gravidez. A Dra. Carlson também está interessada em levar o conhecimento a respeito da nutrição pré-natal para mulheres grávidas, uma vez que a conscientização é a chave para a mudança de comportamento.

Além disso, ela está fascinada com a evidência de que o DHA e a colina agem sinergicamente durante o desenvolvimento, de modo que a soma de seus efeitos é maior do que a ação de cada nutriente isoladamente. Ela nos diz que “tanto a colina quanto o DHA são reconhecidos como nutrientes que precisam ser adicionados na dieta da maioria das mulheres americanas durante a gravidez. Embora alguns suplementos pré-natais adicionem colina, a quantidade é bastante baixa.”

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Publicado

3 janeiro 2022

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Referências

  1. Carlson SE, Gajewski BJ, Valentine CJ, et al. Higher dose docosahexaenoic acid supplementation during pregnancy and early preterm birth: A randomised, double-blind, adaptive-design superiority trial. EClinicalMedicine. 2021.
  2. Makrides M, Best K, Yelland L, et al. A Randomized Trial of Prenatal n-3 Fatty Acid Supplementation and Preterm Delivery. N Engl J Med. 2019;381(11):1035-1045.
  3. Simmonds LA, Sullivan TR, Skubisz M, et al. Omega-3 fatty acid supplementation in pregnancy-baseline omega-3 status and early preterm birth: exploratory analysis of a randomised controlled trial. Bjog. 2020;127(8):975-981.
  4. Martin JA HB, Osterman MJK, Driscoll AK. National Vital Statistics Reports. Births: Final Data for 2018. Vol 68, Number 13. 2019.
  5. Martin JA, Osterman MJK. Describing the Increase in Preterm Births in the United States, 2014-2016. NCHS Data Brief. 2018(312):1-8.
  6. Beam AL, Fried I, Palmer N, et al. Estimates of healthcare spending for preterm and low-birthweight infants in a commercially insured population: 2008-2016. J Perinatol. 2020;40(7):1091-1099.
  7. Kaempf J, Morris M, Steffen E, Wang L, Dunn M. Continued improvement in morbidity reduction in extremely premature infants. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 2020.
  8. Middleton P, Gomersall JC, Gould JF, Shepherd E, Olsen SF, Makrides M. Omega-3 fatty acid addition during pregnancy. Cochrane Database Syst Rev. 2018;11(11):Cd003402.
  9. Liu L, Oza S, Hogan D, et al. Global, regional, and national causes of under-5 mortality in 2000-15: an updated systematic analysis with implications for the Sustainable Development Goals. Lancet. 2016;388(10063):3027-3035.

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